Da Huesker Brasil – Em 2004, deu-se início a implantação do projeto da Avenida Beira Mar Continental de Florianópolis, uma nova via expressa costeira com pouco mais de 2 quilômetros de extensão. A nova via liga a Ponte Hercílio Luz aos bairros Estreito e Jardim Atlântico no lado continental da cidade.
Para a implantação desta nova avenida foi necessário executar-se um aterro para ganho de aproximadamente 60 metros de terreno em direção ao mar, já que a área encontrava-se tomada por edificações do bairro Estreito já bastante conturbado.
O plano era implantar a avenida ao fundo das casas e prédios já existentes para desafogar o trânsito local e ainda criar um boulevard para prática de esportes, convivência comunitária e praça de estacionamento.
O projeto, desenvolvido pela Prosul, contemplava não só o planejamento arquitetônico e urbanístico do empreendimento, mas também o traçado do projeto viário. Contemplava, também, soluções para as condicionantes geotécnicas do local.
A concepção do projeto geotécnico baseava-se na execução de aterro hidráulico sobre terreno melhorado e estruturado, uma vez que foi constatado que toda a área a ser aterrada era caracterizada superficialmente por argila marinha de baixa resistência e elevada compressibilidade. Geogrelhas para estabilização do aterro, colunas granulares para melhoramento do solo e drenos verticais para aceleração de recalques eram elementos já contemplados no projeto básico. A execução da obra ficou a cargo do Consórcio Sulcatarinense – Ster Engenharia.
Um desafio importante desta obra consistia na definição do processo construtivo mais adequado, dadas as dificuldades naturais de se executar uma obra sobre terreno elevado, com lâmina d’água que chegava a 2 metros e com influência de maré. Este desafio foi vencido pelo trabalho da Azambuja Engenharia, que desenvolveu o projeto executivo da obra.
Para que a obra fosse executada em bom ritmo e sem prejuízos ambientais de qualquer porte, ficou estabelecido que os geotêxteis HaTe 40/40 e HaTe 80/80 seriam usados como elementos de contenção do aterro hidráulico, com aproximadamente 2m de espessura.
Seguindo o projeto executivo, “mega-painéis” compostos por 3 camadas de HaTe e 2 de Fortrac, com os comprimentos necessários em casa uma e 15 metros de largura no total eram preparados por costura e bobinados conjuntamente em tubos, em uma praça preparada para montagem destas peças.
Os tubos com 15 metros eram transladados para a posição de colocação dos geossintéticos e tinham suas extremidades tamponadas para que flutuassem. Através de cabos de aço eram desenrolados até o off-set do aterro e, em seguida, sacos de areia eram lançados sobre os painéis para acelerar sua submersão.
As camadas de HaTe eram apoiadas em um pendural previamente montado no alinhamento do pé do aterro acabado, enquanto as camadas de geogrelha, ao final desse processo, encontravam-se já em posição.
Os painéis de HaTe eram mantidos no pendural e, à medida que o aterro hidráulico ganhava altura, este era envelopado, em 3 níveis.
Drenos verticais foram cravados a partir da cota de aterro acima do nível d’água, em uma malha de 1,45 por 1,45 metros. A partir daí o aterro foi finalizado mecanicamente, com mais 3 metros de espessura, totalizando 5 metros de espessura típica de alteamento. A obra de terraplanagem teve duração aproximada de 2 anos. Finalmente foi executado um enrocamento de proteção do talude submerso do aterro.
Em 2006 a obra foi paralisada, sendo retomada em 2011. Esta paralisação foi benéfica no sentido em que houve um período de 5 anos para ocorrência do processo de adensamento. Neste ano, a obra foi finalizada com a pavimentação, iluminação e sinalização.
O desempenho da estrutura quanto a deformações e acabamento do pavimento é absolutamente adequado. A Avenida Beira Mar Continental é hoje, em Florianópolis, um dos mais agradáveis espaços de convivência e uma das principais vias de trânsito da região.