A TDM Brasil realizou em 7 de julho, em Belo Horizonte (MG), a primeira edição do Simpósio Mineiro de Geossintéticos. Este ciclo de palestras reuniu grandes especialistas nacionais e internacionais de geossintéticos os engenheiros Aloysio Saliba, diretor da TEC3 Geotecnia e professor na Universidade Federal de Minas Gerais; Indiara Giugni, consultora em geossintéticos da GI Engenharia; Luis Tobar, engenheiro especialista da TDM Chile; Mark H. Wayne, diretor da Tensar International (EUA); dentre outros nomes importantes da área. Para fechar o ciclo de palestras, o evento contou com a apresentação do doutor em Engenharia George Koerner, diretor do Geosynthetic Research Institute.
O engenheiro civil Aloysio Saliba, professor Adjunto doutor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da UFMG falou sobre “Aspectos Conceituais e Problemas em Estruturas de Drenagem em Mineração”. Ele salientou que as estruturas de mineração (pilhas de estéril, cavas, pátios e barragens) têm se tornado cada vez maiores, aumentando também os problemas a serem resolvidos. Saliba abordou os paradigmas e as necessidades das estruturas de drenagem de uma mina, e comentou que os critérios de dimensionamento e procedimentos de construção, operação e manutenção precisam incorporar aspectos que levam em conta que estas estruturas são dinâmicas, devido as áreas de contribuição serem grandes e mudarem continuamente, além de operarem em condições bastante severas. Citou que os geossintéticos são usados nas obras de proteção temporárias, nas transições para evitar as poropressões, na estruturação dos revestimentos, nas transposições de acessos (bueiros) e nas soluções de microdrenagem (combate à erosão).
O engenheiro doutor Mark H. Wayne, diretor de Tecnologia de Aplicação da Tensar International falou sobre a resistência de longo prazo, durabilidade, danos de instalação e parâmetros para projetos de muros com geogrelhas Tensar e sua aplicação em muros escalonados com face praticamente vertical (86º) e em bueiros que atravessam muros. Sobre a aplicação de geogrelhas em mineração, falou sobre a verificação do desempenho destas geogrelhas em estradas com tráfego de cargas pesadas, citando casos de obras.
O engenheiro Luis Tobar, sub‐gerente no Grupo TDM – CQA & Services, falou sobre “Provas Geoeléctricas para Detecção de Vazamentos”. O método geoelétrico para detecção de vazamentos deve acompanhar os serviços de instalação da geomembrana. Os métodos geoelétricos constituídos por sistemas móveis são utilizados desde a década de 1980 nos USA, Chile e Eslovaquia, e as primeiras normas ASTM surgiram no início dos anos 2000. Este sistema de detecção de vazamentos pode ser aplicado em geomembrana expostas (Leak Location Survey), através de quatro métodos: Water lance, Water puddle, Spark test/Capacitance e Arc test, para cada qual há uma norma ASTM específica. No caso da geomembrana já coberta pela camada de drenagem, lixo, efluente, entre outros, o método usado (Integrity Survey) é o Dipolo: para geomembranas cobertas com água e para geomembrana cobertas com solo. Para o ensaio Bipolo também há normas ASTM para cada um dos métodos de ensaio.
Já o engenheiro Denys Parra, gerente geral de ANDDES e professor mestre Associado da Universidade Nacional de Engenharia (Lima, Peru) abordou o tema “Geossintéticos para Impermeabilização e Drenagem de Depósitos de Estéril, Barragens de Rejeitos e Pilhas de Lixiviação”. Primeiramente discorreu sobre os geossintéticos mais usados na mineração: geomembrana em barragem de rejeitos, pilhas de lixiviação, lagoas de solução e encapsulamento de material estéril para mitigar drenagem ácida; tubos de PEAD em coleta de águas subterrâneas, coleta e condução de solução do processo e detecção e monitoramento de vazamentos; geotêxtil em filtros de subdrenagens, proteção de geomembrana, estabilização e controle de erosão; (4) GCL em barreira composta com a geomembrana e em encapsulamento de material estéril. O engenheiro falou também sobre a instalação da subdrenagem para coleta da água subterrânea, a instalação dos outros geossintéticos citados e dos métodos de detecção geoelétrica de vazamentos: lança de água, lança seca e dipolo. Parra finalizou abordando as boas práticas construtivas concomitantes a instalação dos geossintéticos e também os problemas na construção.
O engenheiro Carlos Antônio Centurion, gerente técnico da TDM Brasil apresentou casos de obras da TDM usando Geossintéticos em Mineração, envolvendo mantas para proteção contra erosão; tubos de PEAD; acesso sobre solo mole, reforço de fundações, muros e aterros de solo reforçado com geogrelhas; uso de geocélulas para aterro sobre solo mole e bolsas para filtragem e secagem de lodos.
A engenheira Indiara Giugni, consultora em Geossintéticos/diretora da GI Engenharia, falou sobre o uso de GCL em obras de Mineração. Foram relatadas as principais características do GCL, os tipos de bentonita usadas na fabricação do GCL chamando a atenção para as variações da condutividade hidráulica (permeabilidade) do GCL em função do tipo de bentonita utilizada.
A palestra também abordou tópicos como: a verificação da conformidade do produto comprado (controle de recebimento do GCL na obra); especificações da bentonita, geotêxteis e GCL; aplicações em mineração de barreiras geossintéticas compostas de geomembrana de PEAD com GCL e com argila compactada relatando o desempenho hidráulico de cada uma; aplicações de GCL em mineração; comparação do desempenho hidráulico do GCL e da argila compactada; o GCL minimizando o efeito do puncionamento na geomembrana de PEAD; compatibilidade química do GCL com soluções lixiviadas usadas na mineração; resistência ao cisalhamento de interface entre o GCL e a geomembrana de PEAD; GCL e a redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa.
O doutor em Engenharia George Koerner, diretor do Geosynthetic Research Institute fez uma retrospectiva do uso dos geossintéticos em mineração, explicou o conceito, as categorias e os insucessos (rupturas) de pilha de lixiviação, comentou sobre as coberturas temporárias em pilhas e suas vantagens técnicas, sobre as lagoas de soluções lixiviadas, e falou detalhadamente sobre a durabilidade dos geossintéticos, envolvendo: envelhecimento a longo prazo, e efeitos sinergéticos de temperatura, pressão e outros sobre os vários tipos de geomembrana. – Com colaboração de Indiara Giugni
Um evento maravilhoso! Com renomados palestrantes e um público focado em mineração e aterros sanitários. A utilização dos geossintéticos no Brasil foi mais uma vez pontuada pela excelência.